ISAQUEU VIANA.

Sonda da Nasa pode ter encontrado oceano subterrâneo na lua de Saturno Titã

A lua Titã fotografada próxima ao planeta Saturno Imagem: 

Hypescience / Nasa

Dados da sonda Cassini da NASA revelaram que a lua de Saturno, Titã, provavelmente abriga uma camada de água líquida sob sua camada de gelo.

Pesquisadores deduziram que se Titã fosse composta inteiramente de rocha, a atração gravitacional de Saturno só poderia causar protuberâncias de até 1 metro de altura. Mas, os dados da espaçonave mostram que Saturno cria marés sólidas de aproximadamente 10 metros de altura, o que sugere que aquela lua não é inteiramente feita de material rochoso sólido. A descoberta foi publicada na edição da última quinta-feira (28) da revista Science.

“A detecção feita pela Cassini de grandes marés em Titã leva à conclusão quase inevitável que haja um oceano escondido em certa profundidade”, disse Luciano Iess, principal autor do estudo e membro da equipe Cassini, na Universitá Sapienza di Roma, Itália. “A procura de água é uma meta importante na exploração do sistema solar, e agora nós vimos um outro lugar onde ela é abundante”, comemora.

Titã leva apenas 16 dias para orbitar Saturno e os cientistas foram capazes de estudar a forma da lua em diferentes partes de sua órbita. Como essa lua não é esférica, mas ligeiramente alongada como uma bola de futebol, seu longo eixo “cresceu” quando estava próximo a Saturno. Oito dias depois, quando Titã ficou mais longe de Saturno, tornou-se menos alongado e mais próximo do formato redondo.

Os cientistas não tinham certeza de que a sona Cassini seria capaz de detectar as protuberâncias causadas pela atração de Saturno em Titã. Ao estudar seis passagens rasantes de Titã entre 27 de fevereiro de 2006 e 18 de fevereiro de 2011, os pesquisadores foram capazes de determinar a estrutura interna da lua, medindo as variações no campo gravitacional de Titã .

Uma camada de oceano não tem que ser grande ou profunda para criar essas marés. A camada de líquido entre o reservatório externo deformável e um manto sólido permitiria Titã inchar e comprimir enquanto orbita Saturno. Como a superfície de Titã é composta principalmente de gelo de água, que é abundante em luas do sistema solar exterior, cientistas inferem que o oceano de Titã é provavelmente formado de água líquida.

Na Terra, as marés são resultantes da atração gravitacional da Lua e do Sol puxando nossos oceanos na superfície. Nos mares abertos, essa elevação pode chegar a 60 centímetros, embora seus efeitos possam resultar em marés de alguns metros, dependendo da configuração de cada litoral. A gravidade dos dois astros também faz com que a crosta da Terra forme “marés sólidas” de até 50 centímetros.

Água = vida?

A presença de uma camada subterrânea de água líquida em Titã não é em si um indicador para a vida. Os cientistas acreditam que a vida é mais provável de existir quando a água  está em contato com rochas, e não se pode ainda dizer se o fundo do oceano naquela lua é feito de rocha ou gelo.

“A presença de uma camada de água líquida em Titã é importante porque queremos compreender como o metano é armazenado no interior dessa lua, e como ele pode escapar à superfície”, disse Jonathan Lunine, um membro da equipe Cassini na Cornell University, em Ithaca, EUA. Além de água líquida no subsolo, já se sabe que há lagos de metano líquido na superfície de Titã, conforme noticiou o Ceará Científico em maio.


FONTE: http://blogs.diariodonordeste.com.br/cearacientifico/exploracao-espacial/sonda-da-nasa-pode-ter-encontrado-oceano-subterraneo-na-lua-de-saturno-tita/