terça-feira, 17 de julho de 2012


Defesa de Bruno considera punição rigorosa e diz que atleta é perseguido
Segundo Rui Pimenta, jogador é prejudicado pela direção do presídio.
Goleiro ficou sem banho de sol, visitas e trabalho por causa de carta.


Goleiro Bruno chora durante depoimento na Assembleia de Minas Gerais. (Foto: Alex de Jesus/O Tempo)Goleiro Bruno chora durante depoimento
na Assembleia de Minas Gerais.
(Foto: Alex de Jesus/O Tempo)
O advogado Rui Pimenta, um dos defensores de Bruno Fernandes no processo sobre morte e desaparecimento de Eliza Samudio, disse ao G1 nesta terça-feira (17) que pretende acionar a Justiça para questionar apunição recebida pelo goleiro na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, após cartas. Para o defensor, a penalidade – que determina 20 dias sem banho de sol, visitas e trabalho – é rigorosa. "Nitidamente dá pra perceber que tem uma perseguição contra o Bruno.”, disse o advogado. Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social, o atleta cometeu um “erro disciplinar” ao enviar uma carta, na quinta-feira (12), a um programa de televisão local por meio de seu advogado.
Pimenta também avalia que Bruno está sendo prejudicado por ser uma pessoa pública. “Só porque é uma pessoa da mídia, está sendo tratado com mão de ferro. Ele é um preso provisório, sendo tratado como se culpado fosse. Justiça é bom, todo mundo gosta, mas quando bem aplicada”, comentou.
O advogado disse também que não teve acesso ao documento em que Comissão Disciplinar do Complexo Penitenciário definiu a punição dada a Bruno e, por isso, acionará a Justiça em Contagem para pedir uma cópia do texto. De acordo com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a penalidade, mesmo sendo uma decisão administrativa, pode ser questionada judicialmente, com mandado de segurança ou com habeas corpus contra a direção do presídio.
Apesar de a Seds afirmar que Bruno e o advogado desrespeitaram o Regimento Disciplinar Prisional, Rui Pimenta considera que não houve infração. Entretanto, a Secretaria de Estado de Defesa Social informou que vai notificar a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o caso. Normas internas determinam que toda correspondência recebida ou enviada pelos detentos deve passar por um setor de monitoramento para registro e conferência de teor.
De acordo com o TJMG, esta punição administrativa pode vir a prejudicar Bruno, caso o atleta venha a ser condenado pela morte e desaparecimento da ex-namorada. Segundo a Justiça, para a concessão de benefícios, questões relativas ao comportamento são avaliadas.

O G1 procurou a Seds para comentar as declarações do advogado a respeito da severidade da punição, mas até às 16h30, não havia obtido resposta.
Carta para Macarrão
A edição da revista “Veja” do dia 7 de julho publicou outra carta de autoria do goleiro, segundo a defesa de Bruno. O texto, que era endereçado a Luiz Henrique Romão, o Macarrão, citava um 'plano B'. Os advogados Rui Pimenta e Francisco Simim visitaram o jogador nesta segunda-feira (9) na Penitenciária Nelson Hungria, quando o jogador confirmou ter escrito a mensagem e explicou seu teor.

"O que o Bruno quis ressaltar é que assumir o 'plano B' era uma obrigação do Macarrão, porque o Macarrão havia traído Bruno quando sumiu com a Eliza", justificou Pimenta. Segundo o advogado, Eliza foi morta sem o consentimento do jogador. Pimenta alega que a carta foi redigida em novembro do ano passado e veio a público com o final apagado, dando margem a distorções. Ele afirmou ao G1 que, no trecho final Bruno disse ter escrito: "Macarrão, você tem realmente que assumir este crime porque eu não posso pagar por sua traição. Eu não mandei você sumir com a Eliza", relatou.
A Secretaria de Estado de Defesa Social informou que a carta escrita pelo goleiro não consta nos registros de correspondências enviadas e recebidas por detentos da Penitenciária Nelson Hungria. De acordo com a Seds, o atleta disse, em depoimento na unidade prisional nesta segunda, que pediu para outro preso entregar a mensagem ao amigo. A Seds informou ainda que a penitenciária dará continuidade ao procedimento de apuração para checar como a carta saiu da unidade prisional. As informações levantadas serão remetidas à Justiça.
Caso Eliza Samudio
O goleiro Bruno Fernandes e mais sete réus vão a júri popular no processo sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, ex-namorada do jogador. Para a polícia, Eliza foi morta em junho de 2010 na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o corpo nunca foi encontrado. Em fevereiro de 2010, a jovem deu à luz um menino e alegava que o atleta era o pai da criança. Atualmente, o menino mora com a mãe de Eliza, em Mato Grosso do Sul.

O goleiro, o amigo Luiz Henrique Romão – conhecido como Macarrão –, e o primo Sérgio Rosa Sales vão a júri popular por sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Sérgio responde ao processo em liberdade. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também está preso e vai responder no júri popular por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver.

Dayanne, ex-mulher do goleiro; Wemerson Marques, amigo do jogador, e Elenílson Vítor Silva, caseiro do sítio em Esmeraldas, respondem pelo sequestro e cárcere privado do filho de Bruno. Já Fernanda Gomes de Castro, outra ex-namorada do jogador, responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela. Eles foram soltos em dezembro de 2010 e respondem ao processo em liberdade. Flávio Caetano Araújo, que chegou a ser indiciado, foi inocentado.
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), não há previsão de data para o julgamento do caso Eliza Samudio.

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