terça-feira, 9 de julho de 2013

EUA não confirmam espionagem no Brasil



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Documentos liberados por Edward Snowden apontam o Brasil como o país mais monitorado da América Latina


Washington. O Departamento de Estado dos Estados Unidos recusou-se a confirmar ontem a espionagem do governo americano em chamadas telefônicas e registros na internet de pessoas e empresas no Brasil e das representações diplomáticas do País em Washington e nas Nações Unidas. Questionada duas vezes, a porta-voz da diplomacia americana, Jen Psaki, afirmou "não ter nada" a confirmar. Mas acentuou ter o Departamento de Estado mantido contato com autoridades brasileiras "sobre essas alegações"

O embaixador americano no Brasil, Thomas Sannon, afirmou que os EUA estão contestando as preocupações manifestadas pelo governo brasileiro FOTO: AG. BRASIL

"Vamos continuar nosso diálogo com o Brasil pelos canais diplomáticos normais", limitou-se Psaki, que não soube mencionar as autoridades em Washington encarregadas de manter contato com o governo brasileiro.

Os Estados Unidos, segundo reportagem de O Globo, teriam mantido uma equipe em Brasília de agentes da CIA e da Agência de Segurança Nacional (NSA) para coletar informações no País. Ontem de manhã, a presidente Dilma Rousseff determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) seja questionada sobre uma possível troca de informações entre empresas brasileiras do setor e o agências de inteligência do governo americano. O Itamaraty, em outra seara, considerou a denúncia "muito grave" e vai interpelar formalmente o Departamento de Estado.

A denúncia causa ruído na relação bilateral justamente no momento de preparação da visita de Estado de Dilma Rousseff a Washington, em 23 de outubro. Psaki indicou ontem o desejo do governo de Barack Obama de preservar essa agenda de visita e sua substância, em termos de aproximação entre os dois países. "Planejamos continuar esse diálogo. Trabalhamos com o Brasil em um amplo leque de questões. E esperamos resolver isso (a questão da espionagem) por meio de conversas diplomáticas normais", destacou.

O embaixador americano Thomas Shannon se encontrou ontem com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, para falar sobre as denúncias de espionagem do governo americano sobre empresas e cidadãos brasileiros. De acordo com Bernardo, o representante americano pediu o encontrou após a publicação de informações de que o Brasil é o país que sofreu o maior monitoramento na internet em toda a América Latina. As informações fazem parte dos documentos revelado pelo ex-agente Edward Snowden da NSA, órgão do governo americano para o monitoramento de informações.

Na saída do encontro, que durou menos de 20 minutos, Shannon afirmou que o governo americano está contestando as preocupações manifestadas pelo governo brasileiro, afirmando que reportagens do jornal "O Globo" sobre o tema, "infelizmente, apresentaram uma imagem distorcida do programa que não é o correto. Temos um excelente nível de cooperação com o governo brasileiro. Estamos trabalhando com o governo brasileiro para conquistar suas perguntas", disse o embaixador que falou em português e, provavelmente, queria dizer responder.

Espionagem

Pelo menos até 2002, funcionou em Brasília uma das estações de espionagem nas quais funcionários da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos e agentes da CIA trabalharam em conjunto. A revelação foi feita na edição de ontem do jornal "O Globo". A publicação teve acesso a documentos da NSA que revelam que Brasília fez parte da rede formada por 16 bases da agência dedicadas a um programa de coleta de dados por meio de satélites abrigados em outros países.

Dilma fala em ´ violação de soberania´

Brasília.
 A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que o episódio de espionagem no País "é violação de soberania e de direitos humanos". A fala foi após a cerimônia de lançamento do programa de ampliação do número de médicos no País, no Palácio do Planalto. O anúncio faz parte da série de "pactos" estabelecidos como prioridade pela presidente em resposta às recentes manifestações.

O chanceler Antonio Patriota declarou ser encorajador a disposição dos EUA de discutir a denúncia FOTO: AG. BRASIL
"Mas temos que ver sem precipitação, sem prejulgamento. Porém, a posição do Brasil é clara. Não concordamos com interferências dessa ordem não só no Brasil", disse a presidente.

O governo brasileiro enviou neste fim de semana ao embaixador brasileiro nos Estados Unidos e a seu semelhante no Brasil um pedido de explicações. Também decidiu, segundo ela, encaminhar uma discussão na União Internacional de Telecomunicações pedido para tomar medidas que assegurem a segurança cibernética. "E, ao mesmo tempo, vamos apresentar proposta junto à Comissão de Direitos Humanos da ONU, uma vez que um dos preceitos fundamentais é a garantia da liberdade de expressão, mas também de direitos individuais".

O chanceler Antonio Patriota afirmou ser "encorajadora" a disposição dos Estados Unidos para debater a suposta espionagem que os americanos fizeram ao monitorar comunicações no País. Ele cobrou, contudo, uma discussão mais profunda.

Senado

A Comissão de Relações Exteriores do Senado vota hoje pedidos para que quatro ministros brasileiros e o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, falem aos congressistas sobre as ações de espionagem dos Estados Unidos.




FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1290022

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