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Categoria protesta por melhores condições de trabalho e contra medidas do governo federal
Médicos apontaram, ontem, um dos principais problemas do Hospital Geral de Fortaleza (HGF): a superlotação da emergência. De acordo com a médica Nilbe Barbosa, não é a falta de médicos o maior obstáculo que o Ceará enfrenta, e sim a superlotação e a falta de estrutura com a qual o paciente é recebido.
Médicos, residentes e enfermeiros deram as mãos e ofereceram um "abraço" simbólico no HGF. Segundo eles, faltam materiais básicos Foto: Waleska Santiago
Ela explica que a emergência conta 87 leitos, mas chega a receber até 200 pacientes a mais da capacidade limite. "A emergência do HGF, geralmente, atende 100 pacientes a mais da sua capacidade, o que é muito preocupante", disse Nilbe.
A médica, que atua na área há mais de 30 anos, explica que os pacientes ficam no corredor, correndo risco de vida e de infecção hospitalar. Ainda segundo ela, esse é um problema que se arrasta há anos e não atinge somente os pacientes, mas também os próprios médicos, que sofrem com a sobrecarrega da função e, muitas vezes, ficam sem saber o que fazer, pois não haveria condições satisfatórias de trabalho.
Jaime Alencar Benevides, também médico do HGF e integrante do Sindicato dos Médicos do Estado do Ceará (Simec), conta que falta materiais básicos para atendimento, além de enfermeiros e auxiliares.
Para manifestar sua insatisfação, a categoria paralisou parte das atividades e se reuniu em frente ao HGF na manhã de ontem. Médicos e enfermeiros deram as mãos e "abraçaram" o hospital para pedir melhores condições de trabalho.
Os médicos também se posicionam contra as últimas medidas do governo federal, como o Programa Mais Médicos e os vetos ao Ato Médico, lei que regulamenta a função da categoria. Durante as manifestações, apenas os serviços de emergência e urgência foram mantidos. Apesar de não concordar com a paralisação, o motorista Ricardo Manso apoia a manifestação. "Não adianta trazer médico de fora se nem os daqui têm material para atender os doentes".
Ainda ontem, durante a tarde, a categoria se reuniu na Praça José de Alencar, com panfletagem e exposição de fotos que mostram a realidade dos hospitais. A iniciativa das manifestações faz parte do calendário de greve da Federação Nacional dos Médicos (Fenam).
Índices
A assessoria de imprensa do HGF informou, por nota, que o problema da lotação na emergência não é direcionado à unidade de saúde. Contudo, ressalta que há a tentativa diária da direção de reduzir esses índices, e que, de 2007 para cá, o número de leitos no hospital passou de 319 para 525. O HGF esclarece, também, que o crescente número de pacientes se deve a vários fatores, entre eles, o aumento da violência, gerando, assim, traumas à saúde.
Ainda segundo a nota, todos os dias é feito um levantamento pela unidade para saber quais materiais estão chegando ao fim, para que novos sejam providenciados. "O contato do Setor de Farmácia com os prescritores é diária e constante, haja vista que essa unidade de saúde pública considera sua missão institucional oferecer serviços seguros e de boa qualidade", diz a nota.
LÍVIA LOPES
REPÓRTER
FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1298340
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