Após reunião, EUA disseram que Assad terá de sair, mas Rússia nega.
Membros do Conselho de Segurança e da Liga Árabe se reuniram na Suíça.
O grupo de ação sobre a Síria, responsável por buscar um consenso internacional sobre uma transição pacífica no país, concordou, neste sábado (30), que um governo nacional unificado deve ser estabelecido a fim de resolver o conflito entre o presidente Bashar al-Assad e as forças contrárias à sua permanência no poder.
Após a reunião, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que o plano indica que Assad precisará deixar o poder, mas Rússia e China reforçaram que o processo de transição deve ser conduzido pelos próprios sírios. O ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, se disse satisfeito com o plano, mas afirmou que o documento acordado não implica na saída do presidente. O principal ponto foi que o acordo não tem como intenção impor um processo sobre a Síria, disse ele.
A reunião teve a participação dos ministros das Relações Exteriores dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido -, assim como do Iraque, Kuwait e Qatar, membros da Liga Árabe, e Turquia. A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, também participou.
O mediador internacional Kofi Annan disse após as negociações em Genebra que o governo deve incluir membros da administração de Assad e da oposição.
"O organismo de governo transitório exercerá os poderes executivos. Ele poderá incluir membros do atual governo e da oposição e de outros grupos, e deve ser formado com base em um consentimento mútuo", indicou Annan.
Era pós-AssadHillary Clinton, durante uma entrevista coletiva à imprensa, disse que o acordo abriu "o caminho para a era pós-Assad". Os Estados Unidos, acrescentou ela, vão convocar o Conselho de Segurança da ONU para submeter ao organismo o acordo.
Ela disse ainda que o plano enviará uma mensagem clara ao presidente Bashar al-Assad de que ele deve deixar o poder. "Assad terá que sair", afirmou. "O que foi feito aqui é arrancar a ficção de que ele e aqueles com sangue nas mãos podem ficar no poder", afirmou a americana.
Rússia e ChinaRússia e China, por sua vez , após a reunião, defenderam que o próprio povo sírio decida sobre o plano de transição no país, que não deve ser imposto de fora. O ministro chinês das Relações Exteriores, Yang Jiechi, estimou que o plano de transição "só pode ser dirigido pelos sírios e com o aval de todas as partes importantes na Síria". "Gente do exterior não pode tomar decisões pelo povo sírio".
O chanceler russo, Serguei Lavrov, reafirmou que a decisão sobre o plano de transição "cabe aos próprios sírios". "A maneira certa de conduzir a transição para outra etapa precisa ser decidida pelos próprios sírios", explicou o ministro russo. "Não se pode excluir deste processo qualquer grupo, mas este aspecto está presente em muitas das propostas de nossos interlocutores e estamos convencidos de que isto é inaceitável".
LevanteNos 16 meses de levante contra o regime de Assad, acredita-se que o saldo de mortes seja de 15,8 mil pessoas. Um plano de paz da ONU, que previa um cessar-fogo e um recuo de rebeldes e de tropas do governo, foi aceito por Assad, mas nunca cumprido.
Em meio à iniciativa diplomática, a violência continua no país. Mais de 180 pessoas morreram na sexta-feira, depois que tropas sírias alvejaram Douma, um subúrbio de Damasco, e a cidade de Homs.
Neste sábado, de acordo com a BBC, ativistas e testemunhas afirmaram que muitos residentes estavam fugindo em massa de Douma, temendo a ofensiva estatal.
Um ativista disse à agência Associated Press que a situação em Douma é 'catastrófica', depois de o subúrbio, um bastião da oposição, ter sido retomado pelas tropas de Assad.
Diferenças
Antes do início da reunião, a Rússia disse que havia 'uma chance muito boa' de chegar-se a um consenso, mas um representante americano afirmou que persistiam muitas 'dificuldades e diferenças'.
Antes do início da reunião, a Rússia disse que havia 'uma chance muito boa' de chegar-se a um consenso, mas um representante americano afirmou que persistiam muitas 'dificuldades e diferenças'.
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