Em 2013, Brasil terá 1 milhão de toneladas de lixo eletrônico
Levantamento quer chamar atenção para o descarte responsável de eletroeletrônicos produzidos no País
IGOR DE MELO
O empresário Marcos Bonzanini, representante da Ecoletas: cerca de seis toneladas de lixo eletrônico coletadas por mês
O Brasil terá no ano que vem cerca de 1 milhão de toneladas de lixo eletrônico espalhado pelo País e sem destino correto. O alerta é do diretor de relações governamentais da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos (Abere), Ronylson Rodrigues. Somente o Ceará responderá por cerca de 5% desse total. “Serão quase 50 mil toneladas de produtos descartados de maneira errada. Trata-se de lixo altamente poluente que precisa ter o descarte correto”, explica.
Os dados fazem parte de um estudo feito a pedido do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que será divulgado na semana que vem durante encontro entre representantes do Governo e de setores industriais em Brasília. “A ideia é que até abril de 2013 seja feito um acordo entre as partes para que tanto a indústria como o poder público encarem a responsabilidade que têm com relação ao destino do lixo”, destaca Rodrigues.
A expectativa é de que a Política Nacional de Resíduos Sólidos, com base na Lei 12.305/10, seja cumprida até 2014. “O lixo eletrônico é uma realidade há 15 anos e somente agora as discussões se aprofundam. Ainda temos muito que aprender”, afirma José Rocha Andrade, pesquisador do Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI). Debates a respeito do tema estão sendo feitos durante o Recicla Nordeste, que termina hoje no Centro de Eventos do Ceará.
Descarte
No Estado, o descarte de produtos eletroeletrônicos é feito pelo empresário Marcos Bonzanini, representante da Ecoletas. São cerca de seis toneladas por mês recolhidas. A maioria do lixo é formada por celulares, baterias, estabilizadores, impressoras e computadores. Entre as principais dificuldades está a falta de conscientização por parte das indústrias e grandes empresas. “O grande gerador de lixo eletrônico deve acreditar que tem responsabilidade sobre o que produz e vende”, diz.
Ele explica que o processo de despoluição dos produtos esbarra na falta de fiscalização por parte do poder público e na falta de infraestrutura local. “Para eu tirar todos os elementos químicos poluentes de um tubo de TV, por exemplo, eu preciso leva-lo para São Paulo, já que isso não é feito aqui (Fortaleza), e com apenas uma unidade eu gasto em torno de R$ 35”.
Segundo Humberto Júnior, diretor de resíduos sólidos da Autarquia de Regulação, Fiscalização e Controle dos Serviços Públicos de Saneamento (ACFOR), na Capital existe há dois anos o Ecoponto, que se destina a coletar resíduos sólidos, entulho de construção, pneus velhos e eletrônicos. Mas o local apenas recebe os materiais. “Estamos nos articulando para encaminhá-los ao destino correto”, explica.
Por quê
ENTENDA A NOTÍCIA
Você sabe o que fazer com aquele aparelho de TV velho ou aquele celular que você acha ultrapassado? Antes de jogá-los na lata do lixo, consulte locais que recebem estes aparelhos. É obrigatório o recebimento por lei.
SERVIÇO
O Ecoponto da Varjota localiza-se na Rua Meruoca, entre as ruas Antônio Justa e José Lino, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas.
Recicla Nordeste
Local: Centro de Eventos
Horário: 14h às 21h
www.reciclanordeste.com.br
Para saber onde descartar pilhas e baterias, consulte o link
http://bit.ly/Th61aI
Saiba mais
O acordo setorial é um contrato firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.
A lei 12.305/10 destaca a ideia de Logística Reversa: um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
Ainda de acordo com a lei, a responsabilidade compartilhada é um conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos.
Uma placa de circuito interno, por exemplo, possui chumbo, cromo, cádmio e estanho.
Entre os mais perigosos estão o mercúrio, o cádmio (encontrado em baterias de celulares), cromo e o chumbo. Os metais pesados diferem de outros agentes tóxicos porque não são sintetizados nem destruídos pelo homem.
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