domingo, 21 de outubro de 2012

Adolescentes e internet. Caso Amanda Todd.



Foto de Amanda Todd
Hoje em dia quase todo mundo tem acesso à internet. Quem consegue sobreviver sem acessar seus e-mails, sites e facebook? Este último, o qual é permitido ser usado apenas por maiores de 13 anos, é acessado por crianças de 5 e 6 anos. A maioria dos pais não se dá conta do perigo que existe nesta envolvente teia de relacionamentos virtual e não se interessam em supervisionar o que seus filhos fazem constantemente em frente a um computador.
Caso real
Há poucos dias, uma adolescente suicidou-se em uma cidade aqui de B.C. – Canadá. Ela foi vítima de bullies na escola e sofreu perseguição de stalkers.
Para quem ainda não conhece os termos:
• Bullying – É um tipo de agressão que pode ser física ou psicológica, que ocorre repetidamente e intencionalmente e ridiculariza, humilha e intimida suas vítimas.
• Stalkers – Que traduzindo para o português significa um “perseguidor”. As personalidades stalkers desenvolvem uma obsessão por uma pessoa (ou várias) e insiste em vigiá-la ou segui-la pessoalmente e ou virtualmente.
A garota de 15 anos chamada Amanda Todd, cometeu um grande engano que custou a sua vida. Envolvida pelas sedutoras relações virtuais, a adolescente se expôs mais do que devia e sofreu as consequências desse ato. Falando com desconhecidos na net, ela permitiu que os mesmos tivessem acesso a sua vida e a sua intimidade. Isso começou quando ela tinha apenas 12 anos.
O Mundo Virtual
Percebo que muita gente parece não se dar conta de que o que colocam na net, estará lá para sempre. Nunca mais terão de volta a informação, foto, etc que decidirem postar. Você poderá apagar qualquer informação de seus sites, mas não poderá apagar dos provedores dos sites.
A facilidade para se fazer “amigos” virtuais é enorme, com isso muitos jovens se envolvem com pessoas desconhecidas e passam a ser presa fácil de personalidades doentias que rondam o universo virtual. Muitos pais não orientam seus filhos para isso. Parece que aquela velha frase que eu tanto ouvi na minha infância: “Não fale com estranhos” não é mais praticada ultimamente pelos pais. Todo mundo fala com todo mundo e a sua vida é quase pública, um livro aberto.
Amanda postou um vídeo no YouTube há um mês atrás e suicidou-se dia 10 de outubro de 2012. Ela pedia ajuda, pois ela estava só, sem amigos e sem amparo.
Adolescentes e a vida em grupo
Os adolescentes precisam se sentir integrados a um grupo. Eles são como pássaros que vivem em bandos. Isso é saudável e importante, pois os amigos ajudam a formar a personalidade do adolescente e a desenvolver sua autoconfiança. Um adolescente que perde isso perde quase tudo.
  • Abaixo coloco o vídeo que Amanda postou e um texto com a tradução do mesmo. Peço que em respeito a ela, todos os possíveis comentários sejam amorosos. Obrigada!
Tradução do Vídeo
“Olá, eu decidi contar a minha história sem fim. Na sétima série eu fui com uns amigos para a webcan. Queria conhecer novas pessoas e fazer amigos. Eles diziam que eu era bonita, perfeita, etc. e queriam tirar fotos minhas, então eu deixei. Um ano depois eu recebi mensagens pelo facebook de um homem. Eu não sabia como ele me conhecia, então ele disse: ‘Se você não fizer um show pra mim, eu irei divulgar a foto dos seus seios’. Ele sabia meu endereço, nome dos meus amigos, dos meus familiares e pais.
Num feriado de Natal, alguém bateu na minha porta as 4hr da manhã, era a polícia. Minha foto havia sido enviada para todos.
Eu fiquei realmente muito doente. Estava ansiosa, deprimida e com síndrome do pânico. Então eu mudei e comecei a consumir drogas e álcool. Minha ansiedade piorou e eu não conseguia sair disso.
Um ano se passou e o garoto voltou com uma lista dos meus novos amigos da escola. Criou uma página no facebook e meus seios era a foto do perfil. Eu chorava todas as noites. Perdi todos os meus amigos e o respeito deles. As pessoas me odiaram novamente e falavam mal de mim. Ninguém gostava de mim.
Eu nunca tive aquela foto de volta, ela está lá fora para sempre.
Eu comecei a me cortar e prometi para mim mesma que nunca mais teria amigos. Eu ficava sozinha na hora do almoço. Então eu mudei de escola novamente. Tudo estava tranquilo mesmo eu estando só. Eu almoçava na livraria todos os dias.
Depois de um mês eu comecei a conversar com um velho amigo; ele me dizia que gostava de mim, mas que tinha uma namorada e ela estava de férias. Então, eu cometi um enorme erro de nos envolvermos. Eu pensava que ele gostava de mim.
Uma semana depois eu recebi um bilhete na escola, a namorada dele e mais 15 pessoas, incluindo ele próprio diziam: Olhe ao seu redor, ninguém gosta de você. Um dia na frente da escola tinham umas 50 pessoas, e então um cara gritou que pelo menos um soco ela deveria me dar. Ela fez isso. Ela me jogou no chão e me deu vários socos. As crianças tiraram fotos e filmaram. Eu estava sozinha e largada no chão.
Eu me sentia uma piada no mundo e pensei que ninguém merecia isso. Eu estava sozinha e tudo isso foi minha culpa. Eu não queria que ele se machucasse, eu pensava que ele realmente gostava de mim. Mas ele só queria sexo. Alguém gritou mais uma vez: dá mais um soco nela. Professores vieram correndo e eu estava caída numa vala. Meu pai me encontrou.
Eu queria morrer. Quando eu cheguei em casa eu bebi água sanitária. Isso me estragou por dentro e eu pensei que iria realmente morrer. A ambulância chegou, me levaram pro hospital e depois me liberaram.
Quando eu cheguei em casa eu vi que tudo estava no facebook. Diziam: ‘Ela mereceu. ’
Ninguém se preocupava. Mudei de cidade, fui para a casa da minha mãe. Outra escola…eu não queria registrar queixa, pois eu queria seguir em frente. Seis meses haviam passado e as pessoas estavam postando no facebook fotos minhas na vala e eu era marcada nelas.
Eu estava bem melhor, então eles disseram: ‘Ela deveria usar outro alvejante. Eu espero que ela morra’. Eles diziam que esperavam que eu visse isso e me matasse.
Por que isso acontece comigo? Eu errei, mas eles me perseguem. Eu deixei vocês pessoal, eu deixei a cidade… Eu estava chorando constantemente.
Eu me pergunto todos os dias porque eu ainda estou aqui?
A minha ansiedade piorou. Eu não sai nenhum dia neste verão. Todo o meu passado…a minha vida nunca iria ficar melhor…eu não podia ir para a escola. Não podia conhecer e nem estar com pessoas.
Eu estou me cortando com frequência, eu estou realmente deprimida. Estou tomando antidepressivo, indo a um terapeuta e, há um mês neste verão, eu tive uma overdose e estive no hospital por 2 dias.
Me sinto presa. O que restou de mim? Nada pára. Eu não tenho ninguém. Eu preciso de alguém.”

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