sábado, 12 de maio de 2012


Espera pode chegar a quatro horas




Pacientes sofrem com demora no atendimento em hospitais privados; uma das unidades tinha 100 pessoas esperando

Recepções cheias de gente, senhas em punho, rostos angustiados e muita insatisfação por parte da população. Esta foi a realidade vista, na noite de ontem, pela reportagem do Diário do Nordeste, em visita a três unidades de saúde da rede privada da Capital, constatando que, para um paciente receber uma primeira avaliação, a média de espera pode chegar a quatro horas.

Apesar de ser uma unidade de grande porte, a emergência do Hospital Antônio Prudente (HapVida), no Bairro de Fátima, parecia pequena para tanta gente. As cadeiras da sala de espera não foram suficientes para a demanda da noite, deixando a sala de espera amontoada de pessoas. Por volta das 18h, cerca de 100 pacientes aguardavam pelo primeiro atendimento, e o tempo de espera girava entre três e quatro horas, conforme informações recebidas na recepção.

Há quem diga que o local tem dias bem piores. É o que afirma a fiscal de caixa Ana Cláudia Viana, 24. Com suspeita de dengue, a noite de ontem foi a quarta vez que a jovem procurou o hospital. "Hoje, está até melhor, tem dias aqui que mal se consegue passar pela porta", conta.

Já o operador de telemarketing Carlos Eduardo Carvalho, visivelmente cansado, afirmou estar aguardando por atendimento desde as 14h40, uma espera de mais de quatro horas. "Só quem sofre com essa situação somos nós", reclama. Com problema parecido se encontrava a vendedora Andréa Bezerra, 32. Segundo ela, chegou ao hospital às 15h e, às 18h30, ainda havia 36 pessoas na sua frente. "Se tivesse ido ao Frotinha, já tinha sido atendida", afirma.

Crianças
Se a situação já é ruim quando se refere a adultos, com crianças é ainda pior. As emergências pediátricas da Capital enfrentam a mesma situação, deixando pais nervosos e preocupados. Apesar de estar com quatro médicos atendendo no início da noite de ontem, o Hospital Infantil Luís França, no Centro, estava com cerca de 70 pessoas na fila, com uma média de espera de quatro horas.

No Centro Pediátrico da Unimed, no Joaquim Távora, houve quem desistisse de esperar logo após a chegada. "Está cheio e ouvi várias pessoas reclamando, vou a outro lugar", diz a dona de casa Jéssica Gomes, 21. Segundo a Unimed, foram registrados 8.500 atendimentos na unidade no mês de abril, um aumento de 65% se comparado com o mês de março, com 5.500.

A Unimed Fortaleza informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a direção do hospital, devido à grande demanda de pacientes, se reuniu na última quinta-feira (10) para tratar da ampliação, em caráter de urgência, da área assistencial, com a contratação de mais profissionais. O hospital atribui o aumento no número de atendimentos ao surto de dengue em Fortaleza.

Em nota, o Hospital Antônio Prudente informou que estão sendo feitas reformas para ampliar a capacidade de atendimento, entre elas, a reestruturação da Emergência Adulto, que disponibilizará mais três consultórios e um novo espaço de coleta laboratorial.

A reportagem tentou contato com o Hospital Infantil Luís França, mas ninguém atendeu aos telefonemas.

Enquete

Por que ocorre esse problema?

"Aguardar é desgastante. Passei três horas no hospital e atribuo isso ao fator econômico e comercial, que é colocado acima do social. Vendem muito e não suportam a demanda"
Aline Mara Bezerra


Vendedora

"O problema é que é grande a quantidade de pessoas doentes e, por isso, as urgências estão sempre lotadas. Acho que faltam hospitais para atender todo mundo"
Luzilene da Silva Andrade


Dona de casa

Mais 2.232 casos de dengue no CE
A Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) divulgou, ontem (11), mais um boletim sobre os casos de dengue no Estado. Os novos dados apontam para um aumento no número de infecções: foram 2.232 novos casos registrados em apenas uma semana. Durante todo o ano de 2012, 16 pessoas morreram vítimas da doença no Estado.

No balanço da Sesa divulgado na semana passada, em 4 de maio, o Ceará havia registrado, até lá, 7.563 infecções. Uma semana depois, na última sexta-feira, o boletim indica que já são 9.795 casos confirmados durante o ano de 2012.

Fortaleza continua liderando o número de notificações. Na Capital, 6.341 pessoas já foram infectadas pelo mosquito Aedes aegypti, enquanto, no Interior, são 3.454 enfermos. No Estado, 106 municípios dos 184 tiveram casos confirmados. O Crato aparece como a segunda cidade com maiores números registrados, 832 no total.

A Sesa também informa que das 16 mortes confirmadas por consequência da dengue, 11 foram na Capital. As outras cinco vítimas são do Interior.

Das pessoas infectadas, 19 tiveram dengue hemorrágica (11 na capital e oito no interior), outras 26 tiveram dengue com complicações (11 na Capital e 15 no interior).

Fortaleza
A Secretaria Executiva Regional (SER) VI concentra o maior número de casos da doença na capital cearense. Os números atualizados na área somam 1.414. Já o bairro que registra o maior número de casos de dengue é o Antônio Bezerra, com 232.

De acordo com o boletim da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), divulgado na última quinta-feira (10), Fortaleza teve 2.232 novos casos em uma semana, o que representa um aumento de 36,5%.

Também foi apontada uma incidência de aproximadamente 253 casos por 100 mil habitantes, o que ainda não caracteriza uma epidemia, segundo critérios do Ministério da Saúde.



FONTE: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1136518

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