Óleo que vazou no litoral do RJ atinge praia do Bonfim
O óleo que vazou na sexta-feira (16) na Baía da Ilha Grande (litoral sul do Estado do Rio de Janeiro) de um navio usado pela indústria do petróleo chegou neste domingo (18) ao continente. Uma mancha atingiu a praia do Bonfim, a 2,5 quilômetros do centro de Angra dos Reis, principal cidade da Costa Verde fluminense. O óleo poluiu a areia e o costão rochoso. Outras praias da cidade, da turística Ilha Grande e da restinga da Marambaia poderão ser atingidas pelo óleo amanhã.
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De águas calmas, o Bonfim é uma praia muito utilizada pela população de Angra, pela proximidade dos bairros mais populosos. É também uma área onde se pratica futebol e vôlei.
O navio-tanque Cidade de São Paulo, de onde o óleo vazou, pertence à empresa Modec, que presta serviços a petroleiras mundiais em engenharia, navegação e instalações industriais. A embarcação seguia para o estaleiro Brasfels (Angra) para a conversão em navio-plataforma (FPSO), que deverá ser empregada pela Petrobras a partir de 2013 na bacia petrolífera de Santos (SP).
De acordo com a Polícia Federal (PF) e o governo do Estado do Rio, vazaram cerca de 10 mil litros de óleo combustível. A quantidade não é tão grande. O vazamento no campo de Frade (Bacia de Campos, no norte fluminense), iniciado em 7 de novembro e ainda não contido, é calculado em torno de 400 mil litros de petróleo bruto. O problema é que o novo vazamento aconteceu a poucos quilômetros de um dos mais belos trechos do litoral brasileiro, em uma área de abundante vida marinha e de grande atrativo turístico.
Após vistoria aérea no domingo de manhã, o delegado do Meio Ambiente da PF no Rio, Fábio Scliar, disse ter avistado duas manchas. Uma delas, de 150 metros de comprimento por 200 metros de largura, aproximava-se da restinga da Marambaia, área de acesso restrito a militares e onde os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva passaram temporadas de veraneio.
Bem maior - 1,5 quilômetro de comprimento por 150 metros de largura -, a segunda mancha estava do lado externo da Ilha Grande, aparentemente rumo ao mar aberto. Scliar não enxergou a terceira mancha, que chegou à tarde à costa de Angra dos Reis. O delegado abrirá inquérito para apurar as responsabilidades pelo desastre. "Mesmo que não tenha sido grande, esse despejo representa claro dano ambiental", afirmou.
Em outro sobrevoo, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc (ex-ministro do Meio Ambiente) verificou a existência de duas manchas de pequenas dimensões. A secretaria multou a Modec em R$ 10 milhões. Esse valor pode ser acrescido ou reduzido conforme o que for apurado durante as investigações.
O secretário disse que o derramamento de óleo na Baía da Ilha Grande é "infinitamente menor" do que o ocorrido no Campo de Frade, operado pela empresa norte-americana Chevron. Mas que "o impacto ambiental é bem maior, já que ocorreu numa região bastante sensível do ponto de vista da biodiversidade".
Volume
Em nota divulgada nesta noite, a Modec informou ter revisto a quantidade de óleo derramado no mar. O comunicado diz que 4,4 mil litros de água misturada a óleo vazaram, e não os 10 mil divulgados inicialmente. "Relatório preliminar da equipe técnica da empresa indica que o volume total (de óleo), possivelmente, não ultrapassou os 2 metros cúbicos (2.000 litros)", afirma a empresa na nota.
Ainda de acordo com a Modec, técnicos contratados coletaram amostras do óleo na praia do Bonfim. "Análise preliminar aponta que as características da referida substância são distintas do óleo combustível vazado do navio-plataforma", diz o comunicado. A Modec informou ainda não saber a causa do vazamento.
Responsável pelas operações da empresa na Bacia de Santos, André Cordeiro disse que o navio foi construído na China, "há dez, 15 anos". Ele disse que o óleo vazou do tanque de lastro, "o que não é comum". O Cidade de São Paulo está parado entre a Ilha Grande e a costa da cidade de Paraty, outra atração nobre da Costa Verde.
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