O Felipão exagerou?
O técnico pentacampeão do mundo, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, não esperou nem a primeira crise no comando da seleção brasileira, para disparar uma resposta que já mereceu destaque na mídia. Ao ser perguntado sobre a pressão que a seleção, e principalmente ele próprio, sofrerão na copa do mundo de 2014, o gaúcho emendou: “Se não tiver pressão para quem joga futebol, é melhor trabalhar no Banco do Brasil, ali na esquina, sentar no escritório e não fazer nada.”
Felipão usou apenas uma comparação exagerada e uma boa porção de generalismo, para dizer que os jogadores terão uma pressão muito maior do que um funcionário público de um banco.
Mas, como no Brasil falar o que se pensa é proibido pela censura do politicamente correto, o contra-ataque ao técnico foi imediato. O Banco do Brasil emitiu nota oficial em tom de repúdio ao ato, sindicatos dos mais variados setores também o fizeram, alguns exigindo até retratação pública do novo técnico.
A ironia de tudo isso é que o setor público brasileiro é justamente tão procurado por vários jovens (que lotam as salas de cursinhos para concurso) por justamente possuírem menor pressão que empregos dos setores privados. Faça um teste: pergunte para 3 pessoas que pleiteiam um emprego público qual o motivo de eles quererem essa vaga. Garanto que pelo menos duas colocarão entre suas respostas a estabilidade e os benefícios ganhos em tal função.
Funcionários públicos possuem diferenciações gigantescas. Seguir a CLT e não ter plena estabilidade no cargo são apenas algumas delas. Isso precisa, e deve, ser dito em público, sem constrangimento. E como, infelizmente, “não existe almoço grátis”, alguém paga a conta de tantos benefícios para tão poucos. Esse alguém é, muito provavelmente, você.
A grande maioria das estatais brasileiras representam um pesado ônus para nossa economia. Todos os brasileiros contribuem gigantescamente para manter privilégios (praticamente imutáveis diga-se de passagem) em grande parte das estatais. A Petrobras é o exemplo mais claro disso tudo. Pagamos uma das gasolinas mais caras do mundo, mesmo sendo “autossuficientes em petróleo” e mesmo com “o petróleo sendo nosso”. Poderia soar engraçado tudo isso se o preço da gasolina, mesmo exorbitante para o bolso do trabalhador brasileiro, não fosse subsidiado para segurar a já galopante inflação brasileira. E desse jeito a empresa amargou seu primeiro prejuízo em 13 anos, e teve seu preço de mercado pulverizado.
Ser braço de manobra para o governo é, e sempre será, a principal razão de ser de uma estatal. A Petrobras segura o preço da gasolina para não aumentar a inflação; a Caixa e o Banco do Brasil despencam o juros, de maneira totalmente irresponsável, para pressionar os demais bancos a também baixar seus spreads bancários (diferença entre o juros praticado no mercado e o juros básico). E nesse jogo, não tem meio termo. Ou se é beneficiado pelo jogo político ou se paga a conta da festa.
A solução para tudo isso talvez não seja o modelo de privatizações já utilizado, temos outras alternativas. Uma delas seria transformar todo o patrimônio das estatais em ações e dividi-las entre a população brasileira, ou até mesmo entre os mais carentes. Aí sim, o petróleo (Petrobras), os trâmites de moeda (Banco do Brasil e Caixa) e a correspondência (Correios), seriam nossos!
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