segunda-feira, 20 de junho de 2011

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Professores ainda em greve


Cinco dias após a greve ser determinada ilegal, o Sindiute
Clique para AmpliarNo dia 9 de junho, os professores do município fizeram um "despacho" em frente à sede do poder público de Fortaleza para enfatizar suas reivindicações 
FOTO: NATINHO RODRIGUES
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Além do prejuízo ao aprendizado, a falta das aulas implica em aumento nas despesas das famílias 
FOTO: WALESKA SANTIAGO
 diz não ter sido notificado e pretende recorrer da decisão
Já somando 54 dias, a greve dos professores da rede municipal deve continuar nos próximos dias. Alegando ainda não ter sido notificada oficialmente da decisão do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) que, no último dia 15, determinou a ilegalidade da greve, a diretoria do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute) não tem previsão para o término da mobilização.

A próxima assembleia da categoria para tratar o assunto está marcada para amanhã. Conforme a diretora de administração e finança do Sindiute, Menta Rios, o sindicato, caso seja notificado nesta semana sobre a decisão judicial, pretende recorrer. "Nós temos 48 horas a partir da notificação para agir. Não vamos só baixar nossas cabeças", ressaltou.

Ontem, a Prefeitura de Fortaleza divulgou nota de esclarecimento sobre a greve dos professores, através da qual classificou como "graves" as consequências da interrupção das atividades. Também foi divulgado pela administração municipal que "todos (os professores da rede) ganham mais do que o piso nacional estabelecido pelo MEC (Ministério da Educação), que é de R$ 1.187,97".

A nota também destaca que a Prefeitura considera a greve um "ato político de antecipação das eleições municipais de 2012".

Conforme Menta, o Sindiute mantém a reivindicação de que o Município obedeça ao piso estabelecido pela Lei Federal Nº 11.738, de 2008. Segundo a diretora, o cumprimento efetivo da lei elevaria o piso dos professores para R$ 1.450,00. "O MEC não tem essa prerrogativa de determinar o piso. Tem que ser obedecida a Lei Federal".

Quanto à acusação de que o movimento teria cunho político voltado para as eleições de 2012, Menta refutou a afirmação do Município. "Não sei por que a prefeita tem um entendimento dessa natureza. Não é um movimento partidário, não é contra a pessoa da Luizianne Lins, é apenas para atingirmos nossas reivindicações".


Movimento se arrasta
54


dias completa hoje o movimento grevista dos professores do município de Fortaleza, uma aflição para quem depende do ensino público

PREJUÍZOS                                                                                              


     Pais também sofrem com a paralisação

Gastos com reforço escolar, alimentação e lazer são as principais despesas ligadas à suspensão das aulas
Enquanto professores e Prefeitura não chegam a um consenso, os pais dos cerca de 230 mil alunos da rede municipal de ensino fazem o que podem para educar e cuidar dos filhos, em um fim de semana que já dura quase dois meses e cujo término ainda não deve se dar nesta segunda-feira. Ao mesmo tempo em que prejudica o aprendizado dos estudantes, a greve também resulta em mais cansaço e despesas para as famílias.

Com um filho de oito anos e outra de seis, ambos alunos da rede municipal, a doméstica Sandra Januário contabiliza os gastos provocados pela greve. Na tentativa de compensar a suspensão das aulas, Sandra paga, desde o último mês, reforço escolar para as crianças. "Eles não podem ficar sem aprender nada. Têm que ficar exercitando alguma coisa", justifica.

Segundo Sandra, embora o reforço escolar represente uma despesa significativa, os principais gastos causados pela paralisação das aulas estão ligados à alimentação das crianças, que, além de passarem mais tempo em casa, não dispõem da merenda que consumiam na escola.

Embora lamente que as salas de aula permaneçam vazias, Sandra não culpa diretamente os professores. "Acho que a Prefeitura, o Estado ou quem for deveria ter mais atenção. Está tudo precário. A educação está precária, a saúde está precária. Os professores podem estar certos em reivindicar", comenta.

De todo modo, não esconde o descontentamento com uma situação cujas consequências se tornam mais graves cada vez que é prorrogado o desfecho da paralisação. A insatisfação se torna maior devido ao fato de que as crianças já foram bastante prejudicadas pelas últimas greves que os professores do Município realizaram. No último ano, recorda, os filhos, assim como os demais alunos da rede, não puderam aproveitar as férias de dezembro, desfrutando apenas de um recesso de poucos dias.

A duas semanas da chegada de julho, Sandra afirma que, desta vez, não deixará que os filhos frequentem a escola durante um mês que deveria ser destinado às férias. "Julho é um mês em que você quer viajar com os seus filhos. Não me interessa se os professores entraram em greve. Meus filhos, que foram os mais prejudicados, não vou levar meus filhos para estudar nas férias". (JM)


JOÃO MOURA
REPÓRTER

 

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